Está registrado na memória e nos arquivos dos amantes de sambas-enredo o trecho de uma obra da Unidos do Cabuçu
do carnaval de 1988, em homenagem aos Trapalhões: “Didi, Dedé, Mussum e
Zacarias, seu mundo é encanto e magia”. O samba-enredo pode não estar
nos anais dos maiores da história, mas marcou aquele carnaval. A Cabuçu,
no período em que esteve entre no grupo de elite do carnaval, se
notabilizou por enredos que homenageavam personalidades da arte, música e
cultura brasileiras. O que poucos sabem é que a agremiação do bairro de
Lins de Vasconcelos é de fato a primeira campeã do Sambódromo.
Em 1984, a escola levou para a novíssima Marquês de Sapucaí o enredo “Beth Carvalho, a enamorada do samba”, em homenagem à Madrinha do Samba. Na ocasião, a Cabuçu integrava o chamado Grupo 1-B, que hoje recebe a nomeanclatura Série A e já possuiu inúmeras outras classificações. Um dos fundadores da Cabuçu, Iba Nunes, recorda com saudade aqueles tempos áureos de sua escola do coração. – Inauguramos a era de enredos patrocinados e de homenagens a figuras vivas no carnaval. Depois que a gente fez foi que as outras fizeram - contou Iba ao CARNAVALESCO.
Iba Nunes já fez de um tudo pela sua escola do coração. Já foi tesoureiro, diretor, tem 12 sambas vencedores na Cabuçu e é o único baluarte da agremiação. Ele é um dos autores do samba que a Cabuçu apresentou naquele desfile e contou com um time de peso na parceria. – Como a Beth foi a homenageada o Edmundo Souto, o Paulinho Tapajós, autores do primeiro sucesso dela (Andanças) e o Luiz Carlos da Vila assinaram o samba comigo. Eu me lembro que fiquei com receio de compor com figuras tão notáveis da MPB, mas eles conseguiram me convencer - recorda Iba Nunes.
A primeira mulher a presidir uma escola de samba, eleita de forma direta, foi Therezinha Monte, que comandou a Cabuçu entre 1982 e 1998. – Eu escolhia o enredo e buscava patrocínio depois. Fui a primeira a fazer isso. Hoje são os patrocinadores que definem os enredos em muitos casos - contou a ex-presidente ao CARNAVALESCO.
Em 1984, a escola levou para a novíssima Marquês de Sapucaí o enredo “Beth Carvalho, a enamorada do samba”, em homenagem à Madrinha do Samba. Na ocasião, a Cabuçu integrava o chamado Grupo 1-B, que hoje recebe a nomeanclatura Série A e já possuiu inúmeras outras classificações. Um dos fundadores da Cabuçu, Iba Nunes, recorda com saudade aqueles tempos áureos de sua escola do coração. – Inauguramos a era de enredos patrocinados e de homenagens a figuras vivas no carnaval. Depois que a gente fez foi que as outras fizeram - contou Iba ao CARNAVALESCO.
Iba Nunes já fez de um tudo pela sua escola do coração. Já foi tesoureiro, diretor, tem 12 sambas vencedores na Cabuçu e é o único baluarte da agremiação. Ele é um dos autores do samba que a Cabuçu apresentou naquele desfile e contou com um time de peso na parceria. – Como a Beth foi a homenageada o Edmundo Souto, o Paulinho Tapajós, autores do primeiro sucesso dela (Andanças) e o Luiz Carlos da Vila assinaram o samba comigo. Eu me lembro que fiquei com receio de compor com figuras tão notáveis da MPB, mas eles conseguiram me convencer - recorda Iba Nunes.
A primeira mulher a presidir uma escola de samba, eleita de forma direta, foi Therezinha Monte, que comandou a Cabuçu entre 1982 e 1998. – Eu escolhia o enredo e buscava patrocínio depois. Fui a primeira a fazer isso. Hoje são os patrocinadores que definem os enredos em muitos casos - contou a ex-presidente ao CARNAVALESCO.
O desfile
A Unidos do Cabuçu
chegou ao Carnaval de 1984 como uma das credenciadas ao acesso devido a
um 4º lugar no ano anterior com um enredo de temática africana (“A
visita de Ony de Ifé ao Obá de Oió”). O samba também marcou época e é um
dos mais lindos da história da Cabuçu.
A agremiação do Lins de Vasconcelos seria a 6ª a cruzar a nova pista de
desfiles projetada por Oscar Niemeyer, já na madrugada de 03 de março
de 1984.
Therezinha
Monte recorda como foi a escolha do enredo para homenagear Beth. – Foi
ideia do Lula Carvalho, primo dela. Ele era meu companheiro de praia,
sugeriu e eu prontamente topei. Foi dele também a ideia de convidar o
Edmundo Souto para a disputa de samba. Ele foi namorado da Beth e
assinou a obra com Paulinho Tapajós, Luiz Carlos da Vila e o Iba Nunes -
recorda Therezinha.
Para a homenagem a Beth Carvalho a Unidos do Cabuçu
não economizou em figuras notáveis do samba. Participaram do desfile
nomes do quilate de Vilma Nascimento, Dona Zica, Monarco, Noca da Portela,
Leci Brandão, Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho. Iba Nunes recorda
uma passagem hilária envolvendo Nelson momentos antes de Cabuçu
entrar na avenida. – A Beth pediu para buscar o Nelson. Ele apressado
acabou se esquecendo da dentadura em casa. Ainda tínhamos que pegar o
Guilherme de Brito na casa dele. Foi uma confusão, mas o Nelson foi para
a avenida sem a dentadura mesmo - lembra o baluarte em papo com o CARNAVALESCO, às gargalhadas naturalmente.
E
não foi só isso. Therezinha monte recorda que pegou Nelson, já no final
do desfile, completamente deslumbrado com a nova passarela do samba. –
Ele estava bem calibrado por algumas cervejas, é bem verdade. Mas seu
semblante de deslumbre me marcou. Fui eu quem levou o Nelson Cavaquinho
de volta para casa depois daquele desfile - conta.
E se antes do carnaval a Cabuçu
já era uma das credenciadas à conquista, provou isso na avenida com uma
passagem emocionante, como documentado na edição de 04 de março de 1984
do Jornal do Brasil: “Foi um desfile emocionante da Cabuçu.
A comissão de frente, seis casais românticos de gafieira, garantiu
certamente o primeiro 10. (...) Tremendo de nervosismo Beth Carvalho
assistiu aos índios do Cacique, à ala da Mangueira
e ao seu Botafogo dos bons tempos serem aplaudidos de pé”. Era só uma
questão de aguardar a abertura dos envolepes com as notas dos jurados,
afinal quatro agremiações subiriam ao chamado Grupo 1-A para o carnaval
1985.
Há 30 anos, a maior conquista da Cabuçu
Expectativa
de garantir o acesso ou até mesmo ser consagrada como a primeira escola
de samba campeã do Sambódromo. A abertura das notas no dia da apuração
só fez confirmar que o desfile em homenagem à Beth Carvalho poderia
reconduzir a Cabuçu ao grupo das principais escolas de samba pela
primeira vez desde 1977.
Desde o início da apuração a disputa se polarizou entre a Cabuçu e a Acadêmicos de Santa Cruz,
que também fez um belo desfile com o enredo “Acima da coroa de um rei,
só um Deus”. A azul e branco de Lins de Vasconcelos tirou nota máxima em
três quesitos (Samba-Enredo, Comissão de Frente e Mestre-Sala e
Porta-Bandeira), além da pontuação máxima em Cronometragem e
Concentração e Início de Desfile, que à época eram uma espécie de
quesitos secundários, cada um valendo cinco pontos.
A acirrada disputa com a Santa Cruz terminou após a leitura das obrigatoriedades, em que ambas tiraram as notas máximas, e a Cabuçu terminou apenas um ponto à frente da escola verde e branco da Zona Oeste. Com 198 pontos a Unidos do Cabuçu
garantia não só o acesso ao Grupo 1-A no carnaval 1985, mas também o
primeiro título do Sambódromo e a participação no desfile do
Supercampeonato, que se realizaria no sábado, 10 de março de 1984.
A Unidos do Cabuçu
teve sua maior conquista em um 08 de março, o Dia Internacional da
Mulher. Fato simbólico para a agremiação,que tinha como presidende uma
mulher. – Agora estamos no primeiro grupo e teremos muito trabalho.
Sábado faremos um desfile igual ou melhor que o de sexta, com tudo à que
temos direito, declarou uma esfuziante Therezinha ao Jornal do Brasil
assim que soube da divulgação do resultado.
Longo jejum de títulos
O futuro se apresentava grandioso para a Unidos do Cabuçu
depois da conquista do Grupo 1-B no carnaval de 1984, e de fato a
agremiação conseguiu se manter entre as grandes do carnaval carioca até o
ano de 1990. A escola ainda fez homenagens à personalidades em 1986 (Stanislaw Ponte Preta), 1987 (Roberto Carlos), 1988 (Os Trapalhões), 1989 (Milton Nascimento), Adolpho Bloch (1991), Xuxa (1992) e Maurício de Souza (1993). Estas três últimas já de volta ao Grupo de Acesso.
A ex-presidente Therezinha Monte deixou a Cabuçu
em 1998 por considerar que estava perdendo o entusiasmo. – Quando se
está na elite todos querem participar, mas quando se está no segundo
grupo é tudo mais difícil. Eu fui perdendo a alegria, tinha medo de ir e
voltar sozinha de carro para a escola. Fui cansando - conta Therezinha
ao CARNAVALESCO.
Depois de se manter entre as grandes por seis carnavais consecutivos a Unidos do Cabuçu
jamais conseguiu retornar ao Grupo Especial e amargou desfiles na
melancólica Estrada Intendente Magalhães quando chegou a desfilar no
Grupo C. 29 anos depois daquela conquista a Cabuçu
foi novamente campeã no Carnaval 2013 com o enredo “Mestre-Sala dos
Mares” de autoria de Larte Gulini e Clebson Prates. Em 2014 desfilará na
Série B, ainda na Estrada Intendente Magalhães.
O futuro
Iba Nunes, o baluarte e mega campeão compositor da escola, acredita que a Cabuçu pode retornar a viver dias de glória como aqueles dos anos 80. – A Cabuçu
está bem melhor agora do que há alguns anos. Somos uma escola pobre, de
comunidade. Mas eu acredito que dá para sonhar sim com um retorno à
Marquês de Sapucaí, onde fomos nós os primeiros campões - recorda um ao
mesmo tempo saudoso e esperançoso Iba.
A eterna presidente Therezinha Monte diz que pretende desfilar em 2014 na velha guarda e sonha com o dia em que a Cabuçu
possa voltar a desfilar entre as grandes novamente. – Depois do título
de 2013 fui à escola na festa da vitória. Anunciaram meu nome na quadra,
muitos acharam que eu estava de volta. Mas fui apenas comemorar. Eu
gosto da escola, pretendo desfilar ano que vem. Acredito que possamos um
dia voltar ao Grupo Especial com ceteza - afirmou.
Para o atual presidente da Cabuçu,
Carlos Alberto Caju, não importa o grupo em que a escola desfile que o
pensamento será sempre o mesmo. – Sempre projetamos o título, toda vez
que pisamos na avenida - garantiu Caju ao CARNAVALESCO.
O presidente afirma que o orçamento para o desfile de 2014 será alto,
mas não confirma os valores. – Eu só sei que estamos gastando muito.
Esse título seria muito importante para a nossa comunidade, ainda mais
que se completam 30 anos desde nossa maior conquista.
Em 2014 a Unidos do Cabuçu
retorna à temática afro com o enredo “Tire sua mordaça do caminho, que
eu quero passar com a minha cor”, sobre a escrava Anastácia e sua triste
história. O carnavalesco Clebson Prates, que assumiu sozinho o carnaval
da escola depois da saída de Laerte Gulini - contou ao CARNAVALESCO o
que a escola pretende passar com o enredo. – Tentamos carnavalizar um
pouco essa história tão triste. Anastácia sofreu perseguições por ser
uma negra bonita. Encerramos com a lenda de que ela teria salvo a vida
do filho de seu dono e este para homenageá-la teria erguido uma igreja,
que dizem ser a Igreja do Rosário ali na Uruguaiana, disse Clebson. – Estamos com o carnaval bem adiantado. A roupa da bateria já está pronta - garantiu o Carnavalesco.
A Unidos do Cabuçu
será a 9ª escola a desfilar no domingo de carnaval na Estrada
Intendente Magalhães. Sonhando um dia quem sabe estar ao lado, de novo,
das grandes agremiações do carnaval carioca.
FONTE: CARNAVALESCO
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