03/10/2014 02h17
- Atualizado em
03/10/2014 03h33
Phelipe Siani
São Paulo, SP
A quatro meses do Carnaval, já tem disputa acirrada dentro das escolas
de samba. Nos barracões, compositores e intérpretes apresentam as
músicas que podem ajudar a escola a ganhar o título de campeã. É uma
competição para apaixonados pelo Carnaval.
Rosas de Ouro, Carnaval de 2006; Nenê de Vila Matilde, Carnaval de
2013; Império de Casa Verde, Carnaval de 2015 - nenhum desses sambas foi
e nem vai pra avenida. Foram inscritos para virar samba enredo, mas não
foram escolhidos.
"Você canta 'Linda melodia, linda poesia'. Não achei defeito algum, mas
samba-enredo só ganha um. Não tem como", canta o músico Juninho Berin.
"A vida segue. Ano que vem tem mais, o samba não acaba. O verdadeiro samba não morre", acredita o músico Biel Gordinho.
Nunca, imagina. O samba vira companheiro do torresmo, da linguiça, do
bolinho de bacalhau, das palmas ritmadas e das rodas de samba da vida.
Mas se bem que vez por outra tem defunto carnavalesco sendo ressuscitado
por aí.
"Às vezes o tema é tão central, é tão cultural, é tão politico que
basta você tirar o nome da escola, você tem uma homensagem para aquela
cultura. O samba é histórico", diz o músico Thiago de Xangô.
Histórico sempre é, mas se fizer história na avenida, é sempre melhor. É
em uma quadra de escola de samba que se decide se o trabalho de dias,
semanas, vai para avenida ou vai ficar só na lembrança dos compositores.
Um dos dias mais importante do ano.
Dos dez sambas que concorreram nas Rosas de Ouro sobraram 13 na final.
"O samba para a gente é o samba que a gente quer que fique marcado para a
comunidade", diz um carnavalesco. Para isso, precisa marcar também o
bolso. "Mais de R$ 20 mil com toda certeza neste ano", conta outro
carnavalesco,.
É dinheiro para pagar as bandeironas, as bexigas, os papéis picados, a
máquina de bolinhas de sabão, a distribuição da letra do samba impressa,
a entrada da torcida e um intérprete dos bons. Isso em todas as fases
classificatórias até a grande final.
"O amor faz a gente fazer coisas que a razão faria com que a gente não fizesse", confessa um carnavalesco.
Porque a razão diz que muitas vezes o que eles ganham quando o samba é
escolhido nem cobre o que eles gastaram durante todo o processo. E o
pior é quando depois de tanto gasto, tanta expectativa, o resultado não é
aquele que eles esperavam. "Eu tenho certeza que é um samba
maravilhoso, que vai ficar no coração independente se for para a avenida
ou não", diz um sambista.
No coração certamente vai ficar e só depende de, vez por outra, ele ser ressuscitado em uma roda de samba.
FONTE: JORNAL DA GLOBO
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