O corte de gastos públicos com o Carnaval de Pelotas terá impactos
também no comércio. A expectativa dos lojistas que comercializam tecidos
e acessórios é baixa comparada a anos anteriores. O segmento, agora,
aposta na venda de fantasias. O público que este ano não comparecerá à
passarela do samba pelotense deverá procurar alternativas para festejar,
como os bailes tradicionais nos clubes da cidade ou outros municípios.
Faltam apenas duas semanas para o Carnaval, nas vitrines surgem
lantejoulas e penas coloridas. Gerente de uma loja localizada no Centro,
Teilor Silva relata que a procura por adereços carnavalescos costuma
aumentar nos 20 dias que antecedem a festa. Mas nas prateleiras estão os
produtos do ano passado; com receio da baixa procura, a reposição do
estoque ficou para o último instante. "A princípio não iríamos comprar
mercadoria nova, mas conforme a procura foi aumentando, fizemos
encomendas que devem chegar essa semana", diz.
Em outra loja, o
Carnaval costumava ser a razão de novas contratações. Dez funcionários
para atender a demanda que aumentava em 40%. Este ano, entretanto, sem
novos trabalhadores, a expectativa de comercialização é menor, de 15%.
Quem tem procurado os produtos são os moradores de cidades vizinhas,
como Arroio Grande, Jaguarão e São Lourenço do Sul. Jéssica Pereira, 28,
moradora de Arroio Grande, veio até Pelotas fazer compras para a escola
da samba São Gabriel. Ela conta que o custo dos produtos aqui é menor e
estava à procura de descontos.
Entre os produtos que lideram as
vendas estão máscaras, chapéus, perucas, pulseiras neon, tinta de cabelo
colorida e sprays que contêm uma espuma.
O segredo é gastar pouco
A criatividade é aliada para economizar na compra da fantasia. No guarda-roupa é possível encontrar peças coloridas e solução para o bolso. Na procura de vestimentas baratas, a reportagem conversou com a atendente Susi Mendes, que recomenda um traje com baixo custo. Um vestido simples, chapéu de plumas e acessórios extravagantes. O único gasto nesta fantasia para o público feminino - que normalmente não tem guardado em casa - é o chapéu, que custa R$ 17,80. As máscaras também podem ser a solução para o problema, pois complementa o visual. Das mais simples, por R$ 2,99, à mais luxuosa, encontrada na loja por R$ 14,90.
Em outra loja, a gerente Michele Nunes seleciona outro modelo. Com
vestido de franjas é possível fazer a fantasia de melindrosa com os
seguintes valores: estola de plumas R$ 16,50, melindrosa (adereço que é
usado na cabeça) R$ 14,00, meia arrastão R$ 16,50 e luvas R$ 15,50.
Na aquisição da roupa carnavalesca infantil existe a possibilidade de
encontrar fantasias completas a partir de R$ 49,00. As temáticas que
reproduzem personagens de filmes têm o valor superior: R$ 148,00. Quem
quiser gastar menos, pode optar pelos adereços. O conjunto que porta
asas de fada, tiara e varinha é adquirido por R$ 14,90. Para os meninos,
a cartola de mágico custa, em média, R$ 10,00, e a varinha R$ 6,50.
Segundo as vendedoras, o público masculino tem preferência por roupas de
personagens de super-heróis. Um dos mais lembrados é o Zorro.
O motivo do corte
Por decisão da prefeitura, grande parte dos recursos destinados ao Carnaval foi cortada. O motivo é a crise enfrentada pelo país. O Executivo disponibilizou às escolas de samba cerca de R$ 300 mil - no ano anterior o aporte foi de R$ 2,1 milhões - e a Associação das Entidades Carnavalescas de Pelotas (Assecap) alegou que não seria possível realizar os tradicionais desfiles de rua com este valor.
A prefeitura garante que investirá o valor do recurso em outras áreas
que necessitam de investimentos, como a saúde. A Assecap utilizará os R$
300 mil na preparação da folia do ano que vem, a proposta foi
apresentada e aceita pelo prefeito, Eduardo Leite (PSDB).
Por Karina Kruschardt - DP
Foto: repórter fotográfico/ Diário Popular
Foto: repórter fotográfico/ Diário Popular
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