A polêmica envolvendo a saída da parceria de Luz Carlos Máximo da Portela continua. O Site CARNAVALESCO
apurou e o compositor David Corrêa confirmou que inicialmente ele era
parte da parceria, mas mentiras e confusões, segundo ele, fizeram com
que tudo mudasse. Aos 75 anos, quase 60 deles vividos no samba, sendo 48
deles na Portela, David contou como ele se juntou a esses compositores e
o que o fez sair.
- Tudo começou com uma homenagem que aconteceu na Portela e ao fim,
eu muito emocionado, porque foi bem bonita, um dos membros dessa
parceria, que por respeito não direi o nome, se apresentou para mim como
um dos idealizadores da homenagem, e acabamos nos conhecendo, ele me
conquistando "no papo". Naquele momento eu não sabia, mas estava caindo
numa arapuca - disse David.
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* 'Não sou hipócrita de fazer samba e não assinar', revela Luiz Carlos Máximo
Segundo David, depois desse dia, ele foi apresentado aos demais
membros da parceria em encontros informais, com o intuito apenas de se
conhecerem, uma vez que ele não conhecia ninguém do grupo. O tempo
passou e a parceria não marcou nenhuma reunião de trabalho - pelo menos
era o que David achava -, mas a surpresa veio no dia do tira-dúvida com o
carnavalesco da Portela.
- Eu estava preocupado, sem saber se alguém da parceria apareceria
lá, e eu fui para saber o que o carnavalesco podia esclarecer, conversar
com ele, levei algumas sugestões de versos que, inclusive, eu mostrei
ao carnavalesco. Mas quando cheguei lá, qual não foi a minha surpresa,
os meus "parceiros" estavam lá com uma letra pronta. Eles ficaram um
pouco desconcertados em me ver, e eu fiquei completamente surpreso. Eles
se reuniram sem me falar nada. Vi a letra deles, eles viram o que eu
tinha levado, e se justificaram dizendo que aquilo ali eram só "alguns
versos de bastidores", nada pronto. E apesar de eu não ter participado
dessa confecção do samba, meu nome ainda constava na parceria.
Foi a partir daí que as coisas desandaram. David Corrêa continuou
assinando com a parceria, mas sem participar da composição do samba, o
que culminou na sua saída do grupo.
- Eu dei um ultimato e pedi para sair. Não concordei com o samba
deles. Mas aí eles para, acredito eu, saírem por cima, ficaram
autoritários e me tiraram por conta deles, meio que querendo dar a
última palavra. Na prática, eu fui dispensado então saí - afirmou o
compositor.
Só que as surpresas e as polêmicas não pararam por aí. O samba que a
parceria de Luiz Carlos Máximo, Gustavo Henrique, Flavio Viana, Charles
Braga, Camilo Jorge, Valtinho Botafogo, Gustavo Albuquerque, Rafael
Cavaliere, Júnior Falcão e Thiago Gotelip inscreveu possui versos que
David Corrêa alega serem de sua autoria.
- No fim eu estava fora da parceria, mas meu trabalho não, porque
eles usaram trechos meus no samba, mas encaixaram de qualquer jeito lá,
deslocada. Minha ideia inicial era algo como: "Corre, corre, ribeirinha/
Chuá, chuá/ Entre pedras e cascatas / Oh luar", falando da coletividade
dos rios. Mas é aquela história que só quem é compositor experiente
sabe: a música nasce com a letra, e tem que ter sentimento. Eu sei disso
porque tenho sambas como "Macunaíma", que foi cantado no encerramento
do maior espetáculo da Terra, e isso poucos possuem - disse ele, se
referindo a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos.
- Eu tenho sambas como esse, "Macunaíma", ou "Oiá, Oiá, água de
cheiro pra ioiô", no Salgueiro, e na própria Portela, com "E lá vou eu,
pela imensidão do mar/ nessa onda que corta a avenida de espuma, me
arrasta a sambar", enfim, tenho história, e essa "molecada dente de
leite" ainda precisa ter.
Além da parceria ter sido impugnada por infringir o regulamento,
David Corrêa acredita que a confusão ocorrida com ele também contribuiu
para isso.
- Eu fiquei frustrado demais com tudo o que aconteceu, porque a
Portela estava preparada para ouvir um samba meu, ouvir o que eu tinha
para fazer, e percebi que a escola ficou frustrada com minha saída.
Então eu acho que a escola usou do mesmo "naipe" com eles, foram
rigorosos e usaram a turbulência que já havia para preservarem alguém -
eu -, que realmente faz parte da escola, e confesso que eu fiquei feliz
com isso.
David ainda disse que não concorda com compositores que assinam samba
em mais de uma escola já que, segundo ele, um bom samba tem que ter
"emoção", e ela surge do envolvimento do compositor com a agremiação.
- A verdade é que já era para a escola ter feito isso há muito tempo,
porque você vê principalmente cantores famosos, que estão na mídia, que
fazem parte de algumas parcerias, colocarem samba em diversas escolas, e
eu acho isso errado, assim como acho errado e até confuso você
inscrever o samba e não assinar. Eu não concordo com isso. Pra mim isso é
uma forma de pirataria. Mas eu acho que os membros dessa parceria me
atormentaram, me infernizaram, só para ter o prazer de poder dizer que
são compositores, mas isso jamais fará deles compositores. Samba
fabricado não é sentimental. Só estando realmente na escola que você faz
um samba com amor, porque você não faz pensando no dinheiro que vai
ganhar, mas sim pensando na escola. Já compus para Mangueira, Vila, mas
quando fiz lá, foi só para lá. Eu era parte da escola, e só daquela
escola.
Apesar do ocorrido, David afirmou que não vai parar de compor sambas, e já está pensando no próximo ano.
- Eles fizeram uma sacanagem, mas eu vou continuar compondo e vou
tentar de novo por amor à escola. Eu dei bobeira e me deixei levar pela
conversa e recusei um convite da parceria de uma amigo, Carlinhos
Madureira, mas no ano que vem não recusarei, e quero muito estar com
ele, compondo. Até porque eu não vou parar porque eu fui levado para a
escola por mérito, por Candeia, Natal. Eu tenho história na escola.
'Nunca estive no barracão da Portela. Fui procurado pela parceria após o rompimento deles com o David', afirma Máximo
Procurado pela equipe do CARNAVALESCO o compositor
Luiz Carlos Máximo declara que em nenhum momento esteve no barracão da
Portela para tirar dúvidas com o carnavalesco Paulo Barros e que foi a
parceria quem o procurou para participar do samba. Ainda segundo Máximo
ele condicionou essa participação à ausência de David Correa.
- Fui procurado por eles sim e em um primeiro momento afirmei que não
colocaria samba na Portela por falta de estrutura para a disputa. Eles
me disseram que já tinham tudo, cantor, estúdio. Me afirmaram que haviam
rompido com o David Corrêa. Eu decidi entrar mas deixei claro o tempo
todo que não assinaria junto com ele. Eles me garantiram que ele já
estava fora. Me mostraram um samba, eu escutei e coloquei a minha forma
de compor, o meu estilo. Em nenhum momento estive com Paulo Barros no
barracão da Portela - sacramenta.
Parceiro de Máximo desmente David Correa: 'Ídolo genioso difícil de trabalhar'
A reportagem do CARNAVALESCO ouviu Rafael Cavalieri,
um dos integrantes da parceria que deu sua versão depois das
declarações de David Correa. Segundo Cavalieri não há uma linha melódica
ou na letra do samba inscrito na Portela por eles que tenha sido feita
por David Correa. Ele ressalta que o experiente compositor é um ídolo
para todo jovem mas que trabalhar com ele se tornou insustentável. Ele
relata uma trama de chantagens e ameaças que culminaram na exclusão de
David do grupo e na procura por Luiz Carlos Máximo.
- O David Correa foi procurado pelo Gustavo Henrique durante a
homenagem na Portela. Mostrou que era uma oportunidade para ele voltar.
Foi formada a parceria, eu sou fã dele, a possibilidade de compor com
ele era um sonho. Mas começaram a acontecer certas atitudes que foi
minand a relação. Fazíamos reuniões sim. Ocorre que maioria dos
compositores tem trabalho. O David queria reuniões em horarios
inacessíveis. Ele começou a fazer chantagem. Tudo que não havia
concordância ele ameaçava sair. O David apresentou uma letra muito
bonita, mas não se enquadrava em vários aspectos do enredo. Tentamos
fazer alterações, mas ele não queria. É uma parceria, mas ele queria
fazer tudo sozinho. Só queria compor em bar, sem seriedade. Começamos a
perceber que as reuniões eram para ele cantar o mesmo samba sempre.
Queríamos mesmo assim manter o sonho de compor com ele. No momento de
apresentar para o Paulo Barros, bolamos alguns mudanças para adequar a
sinopse. Ele marcou 12h com o carnavalesco sem avisar e descobrimos.
Chegando lá o Paulo alertou dos problemas e mudanças necessárias.
Tínhamos um prazo. Tentamos convencer o David e ele não aceitou, e
novamente ameaçou, não cedemos e ele decidiu sair. Ligou para outros
compositores na nossa frente, dizendo que não conhecíamos nada. Passou a
nossa letra alterada em cima da dele e mostrou a outros. Procuramos
então o Luiz Carlos Máximo e ele deu o acabamento, a marca dele. Esse
foi o samba apresentado, não tem um verso, uma melodia do David. Durante
todos esses dias ele nos ligou pedindo para voltar. É muito triste.
Ninguém tira a história dele no carnaval, seus sambas marcantes, mas não
foi possível trabalhar com ele - definiu Cavalieri.
FONTE: CARNAVALESCO
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