O dia chegou, em seus olhos a felicidade. Os versos iniciais do samba
da Imperatriz no Carnaval 2014 quando homenageou Zico dão o tom do
sentimento do povo brasileiro nesta sexta-feira, 05 de agosto, o
histórico dia em que os Jogos Olímpicos serão realizados no Rio de
Janeiro. Carnaval e esporte estarão lado a lado nos dias de competição.
Na cerimônia de abertura, nas arenas olímpicas e claro pelas ruas do
Rio. E um dos equipamentos utilizados é o Sambódromo, a casa do desfile
das escolas de samba.
Entretanto, a união de esportes com carnaval na avenida não traz as
melhores recordações quando lembramos dos desfiles com esta temática que
já cruzaram o Sambódromo em antigos carnavais. Talvez, o momento mais
bem sucedido tenha sido o desfile da Beija-Flor em 1986 em homenagem ao
futebol. O enredo 'O mundo é uma bola' terminou com o vice-campeonato no
ano que a Mangueira se consagrou campeã com uma homenagem ao cantor e
compositor baiano Dorival Caymmi.
Mesmo bem sucedido no resultado, afinal a escola ficou perto de seu
então sexto título, o desfile acabou acontecendo debaixo de uma das
maiores chuvas que já caíram em um desfile no Sambódromo. Desfilantes da
época alegam que a escola passou com água na altura das canelas. O
presidente de honra Anísio Abrahão David teve a prerrogativa de adiar o
início do desfile, mas deu a ordem de que a escola entrasse debaixo de
chuva. Com esse desfile começou a fama da azul e branca nilopolitana de
atrair mau tempo com seus desfiles e ensaios.
Clubes de futebol e Sapucaí: gol contra
Se o futebol foi bem sucedido na Beija-Flor em 1986, o mesmo não se
pode dizer das homenagens a clubes cariocas que foram levadas para o
Sambódromo. O primeiro a receber a honraria foi o Flamengo. Em 1995 o
rubro-negro completou 100 anos de história e foi homenageado pela
Estácio de Sá com o enredo 'Uma vez Flamengo...'. O desfile contou com a
maciça presença dos astros que jogavam no clube e do então treinador
Vanderlei Luxemburgo. O samba não empolgou e a escola amargou um 7º
lugar, três anos depois da sua única conquista no Grupo Especial. A obra
não caiu no gosto da torcida do Flamengo que quase não a entoa nos
jogos do clube.
O
Vasco da Gama foi o enredo da Unidos da Tijuca no ano de seu centenário
em 1998. O enredo 'De Gama a Vasco, a epopeia da Tijuca' foi o último
rebaixamento da escola de Fernando Horta. Se o desfile foi um equívoco o
samba fez história. Cantado pelo vascaíno Serginho do Porto, hoje no
Salgueiro, o samba virou um segundo hino da torcida vascaína e é um dos
mais cantados pelos torcedores na arquibancada. O rebaixamento da Tijuca
naquele ano marca o início de uma guinada na história da escola. Com o
título do Grupo de Acesso em 1999, a Tijuca regressou entre as Campeãs
no ano 2000 e passou a fazer parte do hall de gigantes do carnaval a
partir da segunda metade da década. Hoje é a líder do ranking da Liesa.
O Fluminense completou seu centenário no ano de 2002. E a homenagem
no carnaval veio no ano seguinte, através da Rocinha. A escola, que
desfilou na elite do carnaval carioca em 1997 e 2006, optou por
homenagear o tricolor no ano seguinte quando estava no Grupo de Acesso.
Com o enredo 'Nas asas da realização, entre glórias e tradições, a
Rocinha faz a festa dos 100 anos de campeão... Sou tricolor de
coração!'. Foi um dos últimos momentos do saudoso intérprete Carlinhos
de Pliares, morto em 2005. O desfile foi um fracasso e a escola amargou a
10ª colocação.
Imperatriz perde para si mesma na homenagem a Zico
Os malfadados enredos futebolísticos na avenida criaram um ranço
contra homenagens com esta temática. Tanto que foram anos em que eles
ficaram longe do Sambódromo. Mas em 2014 a Imperatriz arriscou voltar.
Uma ousadia grande pois o homenageado, Arthur Antunes Coimbra, o Zico,
tinha forte ligação com o Flamengo e a Beija-Flor, escola em que sempre
desfilou. O tema figia ainda às características históricas da
Imperatriz. Mas o que se viu na avenida foi um dos melhores carnavais
assinados por Cahê Rodrigues. O enredo 'Arthur X – O Reino do Galinho de
Ouro na Corte da Imperatriz' encantou a avenida com uma abordagem
totalmente diferente daquela que sempre foi vista na avenida. O desfile
poderia ter sido campeão, não fosse os erros de evolução e harmonia que
jogaram a escola para longe da disputa pelo campeonato. Mas ficou a
sensação de que dá para sonhar trazendo esporte para o Sambódromo.
O sonho olímpico de sediar os Jogos não é recente para os cariocas. A
cidade já almejou sediar os jogos de 2004, disputados em Atenas e 2012,
sediados em Londres. E para tentar convencer o COI dq que merecia ser
sede dos Jogos em 2004 o então Comitê Rio-2004 contou com a Mangueira,
que trouxe o enredo 'O Olimpo é verde e rosa', versando sobre a história
dos Jogos. A escola passou bem pelo Sambódromo, terminando na 3ª
colocação. Mas a candidatura naufragou. Somente em 2009 o Rio conseguiu
convencer o COI e os Jogos de 2016 serão na cidade.
A intenção de sediar os Jogos de 2016 surgiu quando o Rio fez uma das
melhores edições dos Jogos Pan-Americanos. Em 2007 as competições
aconteceram na cidade, que foi escolhida em 2002 como sede. No ano que o
Pan aconteceria a Portela aproveitou para fazer um ebredo com a
temática esportiva. O enredo 'Os deuses do Olimpo na terra do carnaval:
Uma festa dos esportes, da saúde e da beleza' dos carnavalescos Amarildo
de Mello e Cahê Rodrigues não deixou saudades nos portelenses. A escola
amargou uma 8ª colocação, completando na ocasião nove anos longe do
Desfile das Campeãs. O samba era de co-autoria do jovem Diogo Nogueira,
filho do ilustre João Nogueira. O desfile contou com a presença de
vários atletas que competiriam no Pan.
FONTE: CARNAVALESCO
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